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Mas, afinal, o que os católicos querem?

A indignação com a desigualdade econômica e social e com a negativa de oportunidades às pessoas negras foi minha motivação para escrever “Céu azul é tempestade” (Caravana). As obras que indico a seguir fundamentam a constatação de que nações enriqueceram com a exploração de mão de obra gratuita por meio da escravização negra, levando às diferenças econômicas que permanecem ainda hoje. As ideias sugeridas aqui sustentam pedidos de reparação financeira, como trato no livro, e oferecem ainda outras opções sobre como reparar as injustiças do passado e reduzir a desigualdade. 
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<h2>A metade que nunca foi contada</h2>
Edward E. Baptist (trad. Fernanda Miguens, Paz e Terra, 2019)
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Em um livro denso e envolvente, o historiador Edward E. Baptist explica como a história contada sobre o período de escravidão nos Estados Unidos buscou dissociar a exploração de mão de obra do regime da construção de riqueza do país. Abordando o tráfico interno de escravizados, a segregação e o fortalecimento dos ideais da supremacia branca, a obra foca a experiência da população negra da época para reforçar o que foi negado a ela.
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<h2>Uma breve história da igualdade</h2>
Thomas Piketty (trad. Maria de Fátima Oliva do Couto, Intrínseca, 2022)
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O livro tem capítulos específicos sobre a herança escravocrata e colonial e a questão das reparações, que ressaltam os benefícios obtidos pelos colonizadores com a escravização. Piketty cita como exemplo os Estados Unidos, que expandiram seu desenvolvimento por meio desse regime. O autor defende que, se países enriqueceram com a escravidão, deve-se discutir maneiras de repartir essa riqueza. 
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<h2>Como o racismo criou o Brasil</h2>
Jessé Souza (Estação Brasil, 2021)
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Jessé Souza explica o que é o racismo para então falar de sua influência na profunda desigualdade social do Brasil. Ele mostra ser um engano a narrativa de que as pessoas lutam em condições iguais por renda, dependendo apenas de sua capacidade, sem levar em conta questões passadas. Uma leitura importante para fundamentar o entendimento sobre o que é o racismo e como ele sustenta a opressão e a desigualdade na sociedade. Acredito que a obra seja um passo relevante para entender como operam as forças sociais, e o que poderia contribuir para equilibrar essas relações. 
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<h2>Capitalismo e escravidão</h2>
Eric Williams (trad. Denise Bottmann, Companhia das Letras, 2012)
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Eric Williams fala sobre a importância do desenvolvimento de economias nas Américas para a expansão do capitalismo na Europa e do papel da escravidão negra nesse processo. Ao relacionar capitalismo e escravidão, o autor abre caminho para entendermos a realidade da exploração vivida pelos escravizados. Embora focado no crescimento da economia industrial inglesa a partir da escravidão negra, o livro tem caráter universal e traz argumentos importantes sobre como o regime escravista possibilitou a organização da sociedade moderna. 
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<h2>Reparação histórica</h2>
Audiobook (The Guardian e Ubook)
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Um audiobook curto e interessantíssimo. Retrata conquistas de movimentos pela reparação ao mesmo tempo em que promove uma visão histórica sobre como a população negra sofre com a desigualdade imposta desde a escravidão, com segregação e falta de acesso a serviços de educação. Trata ainda do absurdo da reparação paga aos então chamados proprietários de escravizados e da necessidade de ação do poder público em países da Europa e das Américas. 
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Patricia Xavier é escritora e jornalista, nascida em São Paulo. É autora de “Céu azul é tempestade” (Caravana, 2024), romance traduzido para o espanhol e francês. Finalista do Prêmio Anna Maria Martins 2025 da União Brasileira de Escritores com o conto “Entre braços”, e do Prêmio Off Flip com o conto “Proibida de morrer”, publicado pelo Selo Off Flip em 2024.

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